É intenso o trabalho de criar uma peça do 0, especialmente quando sabemos exactamente o que queremos. Neste caso começou com a cor as lãs penteadas tiveram de ser tingidas antes em três banhos, vermelho, azul e laranja. Como eu queria que cada cor tivesse nuances, pintei com um pincel a lã antes do banho e deixei-a a curar... Antes de a fiar tive de tentar perceber o que queria fazer. Comecei a investigar padrões e como este projecto é para uma pessoa muito importante na minha vida queria que o padrão fosse muito especial, que lhe trouxesse protecção, coragem, poder. Então inspirei-me nas gravuras neolíticas das mulheres grávidas e nas linhas energéticas que eram representadas em volta do umbigo, e desenhei o padrão. Depois de inúmeros desenhos e testes de cor de ter interiorizado o padrão dentro de mim de ter-me banhado com a sua força, fui fiar. Usando uma técnica muito antiga dos Índios Navajo cujos trabalhos em tapeçaria eram cheios de símbolos. Aprendi esta técnica de propósito para este trabalho e percebi que ela é perfeita para fios que vão ser usados em Fair Isle ou Jacquart. Entretanto uma amostra teve de ser feita para que a minha amiga desse luz verde para avançar. Após essa luz verde iniciei o trabalho final. Rico e poderoso, fluido ,mas ao mesmo tempo cheio de armadilhas, desmanchar erros, deixar alguns para celebrar a minha humanidade assim como a humanidade da minha amiga, reparar outros que podem estragar todo o padrão.Têm sido um processo interno de aprendizagem profunda.
Quem está por perto a observar-me acha que sou louca por ter tanto trabalho com uma encomenda, perguntam: E o dinheiro compensa? Não de facto não compensa.... mas o amor e a arte não têm valor mensurável, tal como nada do que importa realmente na vida. São imensuráveis, e eu faço questão que o meu trabalho me faça crescer tanto por dentro quanto por fora e isso não têm preço....
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